Todo poema tem seu esqueleto
que a tua carne não vê, nem poderia.
Assim como os dias vâo fluindo,
inusitadas prendas te alcançam.
O mesmo véu que embaça o olhar
desliza sobre o poema e vai despindo
sem piedade, mas também sem raiva:
o paciente esforço, as horas mudas,
a ocultação dos ossos, a luta contra o Nada.
Tudo se desdobra, enfim, como esperado:
cristaliza-se a espuma dos dias,
das fugas que ficaram por dizer.
Está quase pronto - e faz algum sentido.
Fingidamente perplexo, então, assinas.
Já estás no exílio.
Words by Livia Soares
Image: "Femur", a sculpture by Jodie Carey
6 comentários:
De repente não tenha sentido para você, mas a sua linguagem me lembra muito a minha. Até um pouco do sentido ficcional/realista.
See ya
O olhar sobre o poema, a cristalizar-se na espuma dos dias. Belo poema. Um beijo.
Querida Lívia
As suas belíssimas palavras
deixam-me a pensar...
E o título fez-me lembrar um belo CD do Jan Garbarek.
Um Abraço :)
Lindo Lívia. Muito..
:))
O exílio vem sempre depois!
Antes, vem o poema (o poeta).
Cumprimentos daqui.
Vamos caminhando coletando vidas. Não estas vidas que nos atropelam sem buscar saber da existência. Falo das vidas que mais se aproximam do inumano - a nossa poesia.
É muito gratificante quando encontramos fragmentos que nos dizem sobre nossa procura.
"Pois já não tenho o poder de inventar saudades"
Recolho aquí talvez algo de tí, ou quem sabe de outro que guardastes contigo.
Abraços,
Jorge Elias
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