Dedicated to Mr. Leonard Woolf,
an ideal husband
Como é que a sabedoria vai parar num livro?
Ela se encolhe para caber na página?
Ela se disfarça para penetrar no reino das palavras?
Ela encena a própria diluição na verborréia?
Como é que a sabedoria consegue encriptar-se e esperar?
Pois os livros estão no meio do mundo, às cegas.
Dependem da bondade de estranhos - desocupados
e desocupadas que passam a vida a ler.
E são tantos os paradoxos tentadores, tão densa a trama
dos silogismos nos salões, que a sabedoria, humildemente
avessa às armadilhas sibilinas, desliza para dentro
de um volume onde se lê, em letras mínimas,
quase invisíveis, bem abaixo de título e subtítulo:
leitura desaconselhável para meninas.
Words by Lívia Mara Soares
Image: "Owl Girls", collage by
Amy Alice Thompson
7 comentários:
Um poema cheio de sabedoria.
Beijos.
O livro, em si mesmo,
é a outra parte do autor!
Bjs
"E são tantos os paradoxos tentadores, tão densa a trama
dos silogismos nos salões, que a sabedoria, humildemente
avessa às armadilhas sibilinas, desliza para dentro
de um volume onde se lê, em letras mínimas,
quase invisíveis, bem abaixo de título e subtítulo:
leitura desaconselhável para meninas."
Esses versos são simplesmente fantástcos, Lívia.
Que grande poema.
beijo por ele.
Bom descobrir esse espaço. Parabéns!
Deixo um abraço fraterno... que não dispensa a humilde Sabedoria de perceber a importância dos gestos.
Gosto de ler e escrever. Gosto de como vc escreve. Este texto me fez lembrar o dia em que no Rio entrei na livraria da Travessa e eram tantos títulos que senti-me triste. foi um pesar enorme não dar conta nem por sonho de todos aqueles livros. Mas é assim mesmo. Já vale quando um texto nos satisfaz. Um abraço e muito obrigada pelos pousos no meu casulo.
Graça, Vieira, Márcia, Batista e Amanda: grata pela leitura atenta e pelos comentários.
Um abraço.
Vim ver se havia novidades.
E encontrei.
O blog continua muito interessante.
Saudações poéticas
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