Aqui no alto, sou amiga íntima do ar,
apenas. As cordas se afiguram detalhes no desenho
dos movimentos que me entregam de corpo aberto
à respiração da grande tenda, à simulação da queda,
ao elegíaco salto para o Nada - que não darei -
roubando assim o fôlego de vocês.
A minha alma segue obedecendo a evoluções
que o seu Senhor lhe ensinou. O meu coração
pende no fio quase invisível do seu voo
contra um céu pintado - suspensa a descrença,
um pouco de luxo, meu Deus, que eu também
preciso...! Daqui, ninguém sai vivo. Daqui,
ninguém sai voando. Mas quem dentre vocês
pode um dia afirmar que não me seguirá?
Words by Lívia Soares
Photo by Victor Lopez Ruiz
Photo by Victor Lopez Ruiz