Vai, minha deliciosa tempestade, trabalha
e tece, enquanto a semana tece em ti os seus dias,
tentáculos de luxo e promessas, sob a fina
urdidura de tuas vestes - minha potestade, meu álibi
para almejar o que há de mais belo, meu fauno
de mármore, minha vitória alada, meu oráculo
anunciador de maravilhas, dize então
a quem devo indagar quando voltas -
aos deuses enfastiados em seus pedestais
ou àquela estrada que se abre à nossa frente?
Pois já não tenho o poder de inventar saudades,
já não existem os dias sem ti (todos eles -
imaginados ou vividos - nos pertencem),
sóis e luas te levam e te trazem a salvo,
sempre a salvo, meu amor, para que estejas
em casa, quando o telefone tocar.
Words by Livia Soares
Image: Painting by Jennifer Nehrbass
(somewhat modified)