quarta-feira, 8 de junho de 2011

Notas do Terraço



1.Começo hoje estas notas que se destinam a dar conta das minhas leituras mais recentes.Esta semana acabei de ler "Feia - A História Real de Uma Infância Sem Amor", a controvertida autobiografia da juíza britânica Constance Briscoe. É uma leitura angustiante, por vezes aterradora. É difícil imaginar uma infância mais infeliz ou uma pessoa pior do que a mãe biológica dessa pobre mulher. Constance sofre crueldade, negligência e humilhação em níveis inimagináveis para quem teve uma infância normal. E, o que é pior, ela sofre tudo isso nas mãos daqueles que deveriam protegê-la - sua mãe, seu pai, seu padrasto. Por que vale a pena ler? Porque é um relato escrito na contramão do coitadismo, do vitimismo e do politicamente correto. Porque uma menina que teve tudo para dar errado acaba encontrando forças não só para sobreviver, mas para estudar, formar-se em Direito e se tornar uma mulher bem sucedida.E adivinhem onde ela encontra tudo isso: numa escola católica, Sacred Heart Roman Catholic School, onde ela teve, pela primeira vez na vida, uma "sensação de pertencimento". Aos nove anos, tornando-se católica, Constance aos poucos vai aprendendo a se alimentar desse fugidio raio de esperança em seu inferno cotidiano: saber que é especial para Deus, mesmo tendo uma mãe violenta e um pai ausente. Constance hoje é uma mulher vitoriosa, em que pesem as marcas (físicas e psíquicas) dos horrores que ela sofreu quando criança. Quanto à sua "mãe", Sra. Carmen Briscoe, espero que ela um dia receba o castigo prescrito por Jesus Cristo para os molestadores de crianças: ser jogada ao mar, com uma pedra bem grande amarrada no pescoço.