
Cada dia te entrega e te arrebata.
As noites são labirintos lunares de outono,
num país onde não há outono,
numa casa que não é a minha.
O tempo serpenteia, arrastando nossos corpos.
Quem pode com seu fluxo? Quem se importa?
À sombra do teu cabelo, mal posso esperar
pelos sabores e odores dissonantes, em cascata.
Quanto pagarei pelo banquete?
Em meio à perfeição do encantamento,
tudo aquilo que não pode durar
tem a perenidade das coisas inventadas:
cada dia me entrega e me arrebata.
Words by Lívia SoaresImage: "The Rape of Proserpina", sculpture by Gian Lorenzo Bernini (detail)