quinta-feira, 28 de maio de 2009
Da Série "Glimpses of Nirvana": EVERGREEN (2007)
Uma primavera de cristais aflorando após uma espécie de cerimônia do chá...a delicadeza deste vídeo do Celebration tem-me feito bem. Compartilho com vocês.
terça-feira, 7 de abril de 2009
Frase do Mês
Da Série"Glimpses of Nirvana": BOY WITH A COIN (2008)
Iron and Wine é uma banda que descobri recentemente e que simplesmente não consigo parar de ouvir. Não sei quase nada sobre a banda e ainda não me empenhei em saber, mas se quiserem me mandar alguma informação sobre eles, vou gostar muito. Este vídeo está aqui porque eu gosto tanto dele que o revejo quando quero me lembrar do quanto a vida é preciosa e do quanto a arte pode, às vezes, nos salvar a vida.
segunda-feira, 23 de março de 2009
Dos "Cadernos de Prosa" : O Mundo Por Trás das Coisas

Todos os dias, mais ou menos à mesma hora, presenciamos as coisas todas irem ficando cada vez mais longe, até as mais importantes, aquelas fundamentais, enquanto nosso corpo vai cedendo a uma espécie de delicioso torpor. Na gigantesca retorta do nosso cérebro, até os nossos pensamentos - representações de coisas - também são pouco a pouco diluídos e amalgamados, acabando por se rarefazer numa espécie de fluido espectral, extenso e inabarcável feito um mar. Submersos nessas águas primordiais, vagamos junto com uma infinidade de fragmentos de coisas fora do lugar, nós nesse momento sendo apenas um fragmento a mais. Abismados e esmagados pela súbita leveza de tudo, estamos sonhando - o mundo desperto tem, então, a mesma relevância que teriam os restos de um antigo naufrágio. Dizem os cientistas que esse momento de abandono é um modo de escapar da loucura, além de ser bom para cicatrizar nossas feridas - as da carne e as da alma. Mas nós somos um tanto mais ambiciosos.
Sonhando, visitamos a alcova de uma certa beleza adormecida. Eis aí um mistério engastado em outro, de um modo que nenhum joalheiro desperto poderia fazer com tanto engenho - o que, obviamente, não impede ninguém de tentar, sendo esse, a nosso ver, o modo como nasce uma grande parte das jóias que há no mundo desperto. E que nos faz indagar : com que sonha uma beleza adormecida? Fazemos essa pergunta sem nenhuma esperança de resposta, um pouco por despeito, um pouco para demonstrar que nem a psicanálise nem o feminismo conseguiram estragar inteiramente este mundo.
Mas é preciso ir em frente, impulsionados pela correnteza sutil que nos permite bailar em volta de tudo que não compreendemos, visitando as cidades que foram apenas imaginadas e buscadas - jamais palmilhadas. E são esses não-lugares que afloram, em certos momentos, quando vagamos, acordados, pelas ruas das cidades que construímos. É por causa dessas cidades sonhadas que enfrentamos a solidez do mundo desperto. Para que elas tenham janelas dando para uma alcova que receba o espectro cansado, inclinado sobre o leito da beleza adormecida.
E estremecemos quando a luz adentra, inexorável, expulsando o sono - incitando-nos a viver, viver, viver.
Sonhando, visitamos a alcova de uma certa beleza adormecida. Eis aí um mistério engastado em outro, de um modo que nenhum joalheiro desperto poderia fazer com tanto engenho - o que, obviamente, não impede ninguém de tentar, sendo esse, a nosso ver, o modo como nasce uma grande parte das jóias que há no mundo desperto. E que nos faz indagar : com que sonha uma beleza adormecida? Fazemos essa pergunta sem nenhuma esperança de resposta, um pouco por despeito, um pouco para demonstrar que nem a psicanálise nem o feminismo conseguiram estragar inteiramente este mundo.
Mas é preciso ir em frente, impulsionados pela correnteza sutil que nos permite bailar em volta de tudo que não compreendemos, visitando as cidades que foram apenas imaginadas e buscadas - jamais palmilhadas. E são esses não-lugares que afloram, em certos momentos, quando vagamos, acordados, pelas ruas das cidades que construímos. É por causa dessas cidades sonhadas que enfrentamos a solidez do mundo desperto. Para que elas tenham janelas dando para uma alcova que receba o espectro cansado, inclinado sobre o leito da beleza adormecida.
E estremecemos quando a luz adentra, inexorável, expulsando o sono - incitando-nos a viver, viver, viver.
Words by Livia Soares
Image: a painting by Jared Joslin, somewhat modified
Image: a painting by Jared Joslin, somewhat modified
sábado, 21 de março de 2009
Da Série "Glimpses of Nirvana": LADY D'ARBANVILLE (1972)
Sim, eu sei que é quase impossível escolher uma canção favorita entre tantas pérolas pop produzidas pelo Sr.Cat Stevens, mas, neste instante, esta é a minha favorita...
terça-feira, 10 de março de 2009
sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009
Dos "Cadernos de Poesia": Mnemosine Não Mora Mais Aqui

Todo poema tem seu esqueleto
que a tua carne não vê, nem poderia.
Assim como os dias vâo fluindo,
inusitadas prendas te alcançam.
O mesmo véu que embaça o olhar
desliza sobre o poema e vai despindo
sem piedade, mas também sem raiva:
o paciente esforço, as horas mudas,
a ocultação dos ossos, a luta contra o Nada.
Tudo se desdobra, enfim, como esperado:
cristaliza-se a espuma dos dias,
das fugas que ficaram por dizer.
Está quase pronto - e faz algum sentido.
Fingidamente perplexo, então, assinas.
Já estás no exílio.
Words by Livia Soares
Image: "Femur", a sculpture by Jodie Carey
Da Série "Glimpses of Nirvana": EPILEPSY IS DANCING (2009)
Quando ouço Antony and the Johnsons, lembro-me sempre de Francisvo Ivan, meu professor favorito da faculdade de Letras, em pleno calor da tarde nordestina, dizendo com um ar de estudado fastio: "Pois é, queridos, a melancolia não é uma doença, é o estado de alma dos grandes artistas."
segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009
Frase do Mês
quarta-feira, 28 de janeiro de 2009
Dos "Cadernos de Poesia": Letter From the Blessed Friday
Vai, minha deliciosa tempestade, trabalha
e tece, enquanto a semana tece em ti os seus dias,
tentáculos de luxo e promessas, sob a fina
urdidura de tuas vestes - minha potestade, meu álibi
para almejar o que há de mais belo, meu fauno
de mármore, minha vitória alada, meu oráculo
anunciador de maravilhas, dize então
a quem devo indagar quando voltas -
aos deuses enfastiados em seus pedestais
ou àquela estrada que se abre à nossa frente?
Pois já não tenho o poder de inventar saudades,
já não existem os dias sem ti (todos eles -
imaginados ou vividos - nos pertencem),
sóis e luas te levam e te trazem a salvo,
sempre a salvo, meu amor, para que estejas
em casa, quando o telefone tocar.
Words by Livia Soares
Image: Painting by Jennifer Nehrbass
(somewhat modified)
segunda-feira, 26 de janeiro de 2009
Frase do Mês
sábado, 17 de janeiro de 2009
Da Série "Glimpses of Nirvana": I'M WAKING UP TO US (2001)
Belle and Sebastian. Uma vez um amigo me perguntou:"Mas você não acha que o som deles é um tanto adolescente demais?" É. Eu sei que, cronologicamente, eu já devia ter superado há muito tempo. Mas a melancolia, a doçura amarga - bittersweet - , a graça inefável dos vocais, os arranjos conscientemente sixties, os comentários ternos/irônicos sobre a vida que passa por nós quando ainda nem sabemos o que é viver... oh God, talvez eu me cure de gostar deles, um dia. Mas não agora. Por favor, Deus, agora não.
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